2011-04-24

Em Abril florescemos

Em Abril disseram: mais não! E em Abril fizeram a Revolução.
Em Abril sonharam, em Abril viveram, em Abril falaram.

Hoje em Abril dizemos, em Abril queremos e em Abril fazemos. Em Abril escrevemos, em Abril cantamos, em Abril pintamos. Em Abril exultamos, em Abril apaixonamo-nos, em Abril amamo-nos. Em Abril florescemos, em Abril renascemos, em Abril libertamos. Em Abril lembramos, em Abril revolvemos, em Abril revoltamos. Em Abril levantamo-nos, em Abril cerramos o punho, em Abril questionamos. Em Abril quebramos, em Abril alertamos, em Abril gritamos.
Em Abril, claro, lutamos.

E não esqueçamos que Abril é hoje e ontem e amanhã. Abril é Maio e todos os dias, todas as horas, todos os momentos. Abril cumpre-se, cumprindo-se. Abril está em cada acto e opinião. Abril não é passado nem futuro. Cumprir Abril pertence-nos.


2011-01-23

O que podem esperar… de nós.


    O PCP foi fundado em 1921. No fim dos anos 20 foi ilegalizado. Apesar disso, durante os 50 anos de fascismo persistiu, na clandestinidade, mantendo as suas funções e actividade, publicando vários jornais e publicações que eram distribuídos também eles clandestinamente, com o intuito de informar os trabalhadores e cidadãos da verdadeira situação do país. Apesar de não poder concorrer a eleições, aqueles homens e mulheres abandonavam as suas casas, famílias (quantos não deixavam filhos para trás…), nomes e história para entrarem para o partido tendo que assumir outra identidade, mergulhando assim na clandestinidade mais profunda. Quantos não foram presos e lá ficaram 10, 15, 20 anos. Quantos não foram torturados dias a fio. Quantos não morreram nas mãos da PIDE. Hoje oiço muitos dizerem que “o que os políticos querem é mama, tacho, poleiro…”. Peço por isso, que não se esqueçam do partido que persistiu 50 anos de fascismo na clandestinidade mesmo sem se poder candidatar a “mama, tacho ou poleiro”. E fazia-o porque era o partido que estava ao lado dos trabalhadores. Os organizava, estava nos sindicatos com eles, os esclarecia, lhes abria os olhos. Foi o partido que ajudou a travar importantes batalhas na luta contra o Estado Novo, levando ao enfraquecimento do mesmo e consequentemente levando a que, quando chegasse o 25 de Abril o golpe fosse possível.
    Mesmo quando chegou a liberdade, o trabalho do PCP nunca foi devidamente reconhecido pelos portugueses e hoje é mais esquecido ainda. Não vêem o papel dos comunistas durante o fascismo. Não reconhecem o trabalho dos nossos deputados que são os únicos que, mandato após mandato, levam à Assembleia questões que defendem os trabalhadores, estudantes, reformados, doentes… Não vêm que os nossos militantes são aqueles que nos locais de trabalho, sindicatos e associações têm sempre as posições mais justas e são os que mais trabalham na defesa dos direitos mais básicos. Mas os portugueses não se esquecem de recorrer aos comunistas quando destes necessitam. Nas autarquias, nos sindicatos, nas associações e até ao colega, comunista, mais próximo, quando se vêem apertados. Mas quando chega a hora da verdade, o povo vota no opressor Cavaco, vota no contraditório Alegre, vota no presunçoso e imprevisível Nobre e até prefere, por vezes, votar no palhaço Coelho. O anti-comunismo tolda a vista dos portugueses e é mais forte do que qualquer facto e que todas as provas que lhes demos durante 90 anos de História.
    Apesar disso, continuamos aqui. Amanhã, como hoje e como ontem. A luta continuará, de facto. Continuaremos a puxar a carroça. Apesar da falta de confiança que os portugueses nos depositam, somos nós que continuaremos a estar na frente de cada batalha. Somos nós que estaremos na primeira fila de cada manifestação, greve, protesto contra todas as injustiças sociais e todos os ataques aos trabalhadores, estudantes e reformados. Somos nós que continuaremos a estar presentes nos sindicatos e associações. Nós, cada militante, que estará lá para defender os seus colegas nos locais de trabalho, escolas e universidades quando for preciso. São os nossos deputados os únicos que continuarão a propor alternativas, a defender o que é justo e a tentar travar investidas cruéis contra os portugueses. E somos nós que continuaremos a apresentar uma alternativa em todas as eleições, apesar dos portugueses não confiarem em nós.
     E estaremos cá, não porque queremos "mama, tacho ou poleiro", mas porque queremos uma sociedade mais justa e porque cada vitória se consegue dia após dia, na rua, nas manifestações, nas greves, nos locais de trabalho, escolas e universidades, nas associações, nas Autarquias, na Assembleia da República.
    E, se tempos mais difíceis vierem (como decerto virão), somos aqueles com quem podem contar indiscutivelmente. Estaremos lá na fome, nas prisões, na clandestinidade, na porrada. Sempre à espera da próxima pancada. Porque fomos os únicos que provámos ser capazes disso tudo. E estaremos, certamente, com a consciência tranquila de ter estado sempre lá. 

2010-06-23

Menos um Imprescindível

"There are men who struggle for a day and they are good.
There are men who struggle for a year and they are better.
There are men who struggle many years, and they are better still.
But there are those who struggle all their lives:
These are the indispensable ones."

Bertold Brecht

Este fim-de-semana perdemos um dos Imprescindíveis. Pedro, os nossos camaradas pediram que fizessem um texto sobre ti. Alguma coisa para ser publicada não sei onde com indicações da minha mãe que te conhecia melhor que eu, mas que fosse “uma aquelas coisas bonitas que eu sei escrever”. Eu disse que não. Com muita pena minha, recusei.
Um dia disseste-me uma das coisas mais bonitas que já me disseram sobre o que escrevo: “De muito bom gosto, só és pouco assídua”. Eu, sempre que me dizem isso, lamento e justifico-me com a falta de tempo, mas a verdade é outra. A verdade é que o que escrevo aparece antes na minha cabeça. Há um dia em que acordo e tenho um texto na minha cabeça. Não o faço sempre que quero nem consigo. Por isso é que acho que não é talento, é vontade. Hoje tinha um texto na minha cabeça. Era uma coisa que se me andava a desenhar há dias, desde que soube da tua partida, mas que estava muito enevoado ainda pelo choque e pela emoção. Hoje sai, espero eu. Vou tentar. Não será o texto que queriam que fizesse, com memórias alheias e com o tributo que tu mereces, mas sim aquilo que gostava que tu soubesses de mim, se ainda aqui estivesses.
Camarada, a nossa luta, a nossa causa ficou mais pobre. Perdemos um dos Imprescindíveis. Daqueles que fazem falta sempre, que sem os quais a coisa não anda da mesma maneira. Daqueles que me habituei a ver em qualquer circunstância nas várias casas que são também a minha casa, o PCP e a SOIR, aqueles sítios onde cresci e onde aprendi a ser pessoa, cidadã e comunista. Ser comunista não se aprende nos livros. Aprende-se no dia-a-dia, com os Imprescindíveis como tu, aqueles que sabemos que vamos encontrar sempre na luta e sempre que regressarmos a uma dessas casas.
Não vou dizer que levaste o melhor da vida e agora podes partir em paz. Viveste em pleno, acredito. Mas viveste pouco, ainda terias tanto para beber desta vida. Não me consolarei com esses lugares comuns que arranjamos sempre quando um dos que nos é querido parte. Partiste injusta e precocemente. O mundo continuará a rodar é certo e a vida continuará. Mas não da mesma forma e não com o mesmo brilho. Falta-nos um dos Imprescindíveis. Serás daqueles que ficará para sempre nas nossas memórias e cujas histórias (que provocarão sempre as melhores, as mais ternas e mais sinceras gargalhadas) evocaremos para contar aos netos. De agora em diante haverá sempre uma lacuna nas casas que partilhei contigo, no sítio onde antes morava o teu sorriso aberto, a tua presença desengonçada e a tua prosa cómica. A nossa Joaquim António será mais melancólica, pelo menos para mim e no PCP, em todas as campanhas, todas as manifestações, todas as lutas que travarmos daqui para a frente faltará a força que cabe a um dos Imprescindíveis.
Até Amanhã, Camarada Pedro Palma!

(Este era o texto que queria escrever. Acho que ainda ficou muito por dizer. O rascunho que tinha tão certo na cabeça foi-se apagando e tornando mais baço, talvez pelas lágrimas que agora escorrem pelo meu rosto. Talvez para uma próxima consiga algo mais preciso.)

2010-05-17

Desalinho

Às vezes apetecia-me fechar todas as portas. Uma a uma. Fazer as malas só de ar e de sonhos, para não ter que levar nada de velho, e virar as costas. Partir. Esquecer todas as peças que não encaixam nunca, todas as coisas que acabam por nunca bater certo (porque nunca está tudo no seu sítio, há sempre alguma coisa desorganizada) e deixar de tentar arrumar a vida. Fechar as portas para não ver cada casa que se deixa em balbúrdia, cada assunto por resolver, cada conversa por fazer, cada objectivo por alcançar, porque há dias em que parece que nada fica no sítio: aspiramos, limpamos, arrumamos, catalogamos, organizamos, numeramos e quando viramos costas já está tudo no chão, numa confusão ainda maior do que antes. Por isso queria fechar as portas e partir sem nada do que fiz para trás e principalmente sem nada do que ficou por fazer. Mas para isso teria que ser outra pessoa, entrar noutra pele e deixar-me a mim mesma para trás. Sei que não posso. Fecho uma porta para não ver a confusão e logo uma corrente de ar escancara outra porta na minha vida. Continuo a arrumar, a empilhar livros em prateleiras, a fazer camas, a lavar copos e a varrer o chão na vã esperança de que um dia tudo fique no lugar.

2010-04-05

Manel Cruz na Aula Magna

Finalmente o génio em palco. Vai ser, de certo, uma noite mágica. Dia 8 de Abril, na Aula Magna, em Lisboa.

David Fonseca nos Coliseus


Dia 9 de Abril no Coliseu dos Recreios e dia 16 de Abril no Coliseu do Porto. Concertos de lançamento do cd Between Waves.

A crer no concerto de lançamento do último disco, Dreams in Colour, também no Coliseu, podemos esperar algo de muito, muito bom. Em 2008 foi assim:

Um Contra o Outro

É o novo, novíssimo, single dos Deolinda. O álbum sai para as lojas dia 26 de Abril e chamar-se-á Dois Selos e Um Carimbo. Cá aguardo.

2010-04-03

Reglas de Juego para los Hombres que Quieran Amar a Mujeres

I

El hombre que me ame
deberá saber descorrer las cortinas de la piel,
encontrar la profundidad de mis ojos
y conocer lo que anida en mí,
la golondrina transparente de la ternura.

II

El hombre que me ame
no querrá poseerme como una mercancía,
ni exhibirme como un trofeo de caza,
sabrá estar a mi lado
con el mismo amor
conque yo estaré al lado suyo.

III

El amor del hombre que me ame
será fuerte como los árboles de ceibo,
protector y seguro como ellos,
limpio como una mañana de diciembre.

IV

El hombre que me ame
no dudará de mi sonrisa
ni temerá la abundancia de mi pelo,
respetará la tristeza, el silencio
y con caricias tocará mi vientre como guitarra
para que brote música y alegría
desde el fondo de mi cuerpo.

V

El hombre que me ame
podrá encontrar en mí
la hamaca donde descansar
el pesado fardo de sus preocupaciones,
la amiga con quien compartir sus íntimos secretos,
el lago donde flotar
sin miedo de que el ancla del compromiso
le impida volar cuando se le ocurra ser pájaro.

VI

El hombre que me ame
hará poesía con su vida,
construyendo cada día
con la mirada puesta en el futuro.

VII

Por sobre todas las cosas,
el hombre que me ame
deberá amar al pueblo
no como una abstracta palabra
sacada de la manga,
sino como algo real, concreto,
ante quien rendir homenaje con acciones
y dar la vida si es necesario.

VIII

El hombre que me ame
reconocerá mi rostro en la trinchera
rodilla en tierra me amará
mientras los dos disparamos juntos
contra el enemigo.

IX

El amor de mi hombre
no conocerá el miedo a la entrega,
ni temerá descubrirse ante la magia del enamoramiento
en una plaza llena de multitudes.
Podrá gritar -te quiero-
o hacer rótulos en lo alto de los edificios
proclamando su derecho a sentir
el más hermoso y humano de los sentimientos.

X

El amor de mi hombre
no le huirá a las cocinas,
ni a los pañales del hijo,
será como un viento fresco
llevándose entre nubes de sueño y de pasado,
las debilidades que, por siglos, nos mantuvieron separados
como seres de distinta estatura.

XI

El amor de mi hombre
no querrá rotularme y etiquetarme,
me dará aire, espacio,
alimento para crecer y ser mejor,
como una Revolución
que hace de cada día
el comienzo de una nueva victoria.

Gioconda Belli

2010-03-23

Jeff Buckley - Lover, You Should've Come Over


Looking out the door I see the rain fall upon the funeral mourners
Parading in a wake of sad relations as their shoes fill up with water
And maybe i'm too young to keep good love from going wrong
But tonight you're on my mind so you never know

Broken down and hungry for your love but no way to feed it
Where are you tonight, child you know how much i need it
Too young to hold on and too old to just break free and run

Sometimes a man gets carried away, when he feels like he should be having his fun
And much too blind to see the damage he's done
Sometimes a man must awake to find that really, he has no-one

So I'll wait for you..... and I'll burn
Will i ever see your sweet return
Oh will I ever learn

Oh lover, you should've come over
'cause it's not too late

Lonely is the room, the bed is made, the open window lets the rain in
Burning in the corner is the only one who dreams he had you with him
My body turns and yearns for a sleep that won't ever come

It's never over, my kingdom for a kiss upon her shoulder
It's never over, all my riches for her smiles when i slept so soft against her
It's never over, all my blood for the sweetness of her laughter
It's never over, she's the tear that hangs inside my song forever

Well maybe I'm just too young
To keep good love from going wrong

Oh.... lover, you should've come over
'cause it's not too late

Well I feel too young to hold on
And I'm much too old to break free and run
Too deaf, dumb, and blind to see the damage I've done

Sweet lover, you should've come over
Oh, love well I'm waiting for you

Lover, you should've come over
Cause it's not too late

Arctic Monkeys - Old Yellow Bricks


Rota de colisãO

Lá, entre o Sol e o Si